É um peixe de aspecto um pouco repulsivo. Num passado muito recente, era desprezado e apenas os pescadores o aproveitavam como alimento. Hoje, a procura, fez com que este cabeçudo atingisse preços elevados. De pele lisa e viscosa, cabeça gigantesca em relação ao resto do corpo, por isso (como diz o "Chico do peixe") "desluzido". Mas a sua carne é fina, firme, sem espinhas, e de riquíssimo sabor.
É, além de tudo isto, extremamente magra, tornando-se por isso um alimento ideal para quem não quer, ou não pode, ingerir gorduras.
Peça ao peixeiro que retire a pele e separe a cabeça do tronco. Atenção ao fígado do bicharoco. Há vendedores que são muito "distraídos" e "esquecem-se" que o fígado também é comestível (para algumas pessoas é a melhor parte) e ficam com ele.
Corte o dito-cujo em pedaços e tempere com sal. Coza a cabeça, durante sete ou oito minutos, em água e sal. Retire do tacho e aproveite toda a carne que puder separar da cabeça. Reserve os bocados de polpa, reponha as espinhas novamente no tacho e, deixe ferver durante algum tempo afim de enriquecer o caldo (fumet) com o sabor do peixe.
Agora é o costume:
Cebola, aipo e alho picados, (pode juntar também, alho-porro, picado) refogados em azeite, o arroz(nestes pratos prefiro carolino), um pouco de tomate (se gostar), o caldo das espinhas do tamboril (coado, pois claro), os pedaços do lombo do peixe que não devem cozer muito tempo, para que não fiquem duros e "emborrachados". Não deixe secar o arroz e vá juntando água quente, para que fique "malandrinho". Quando o arroz estiver quase cozido, junte os bocadinhos de peixe que retirou da cabeça, rectifique o sal, piripiri, se gostar de camarões, meta-os também lá para dentro que não faz mal. Finalmente, antes de comer, espete-lhe com uma mão-cheia de coentros picados e...Força, atire-se a ele!