sábado, maio 05, 2007

PEIXE-ESPADA

Alinhados em fileiras, muito certinhas, tal como militares, numa parada em dia de guarda de honra. Era, o que me faziam lembrar os luzidios e prateados peixes-espada, estendidos na areia da praia da Baleeira, antes da construção do edifício da lota, em Sagres. Eram vendidos ali, depois de descarregados dos botes que os transportavam das traineiras, fundeadas ao largo da praia. Aí, depois de formados, vinha o pregoeiro que começava uma cantilena ininteligível para a maior parte das pessoas. A partir de um preço base, começavam a contar no sentido descendente. Por exemplo: se o pregoeiro achava que aquele lote de peixe valia 500$00, começava a contar: 500, 499, 498, 497, etc. Até que o preço interessasse a algum comprador que nesse momento gritava: CHUI! E pronto, já o peixe era dele por aquela quantia. E a "cantiga" era de dificil compreensão dada a rapidez com que era pronunciada.

O meu pai costumava raspar a pele com uma faca e fazia um molho com que ia pincelando as postas de peixe enquanto as grelhava. Com o aparecimento do peixe-espada preto, que sempre existiu, mas a maiores profundidades que o seu parente prateado. Comecei a fazer este prato, com este peixe, muito mais gordo e suculento que o seu primo cor de alumínio.

Faço assim: Raspo a pele ao peixe. Há várias maneiras de o fazer. Com uma faca afiada, com um esfregão de lavar louça, áspero (antes de ter servido para lavar), com uma saca de batatas, daquelas em rede, etc. Estendo o peixe em cima da bancada e esfrego até que a pele desapareça completamente. O melhor será pedir ao peixeiro que faça este trabalho. Pode ser que tenha a sorte de encontrar um que não se importe de o fazer.
Pico cebola e salsa, junto azeite, colorau, sal, piripiri e um pouco de vinho branco e mexo muito bem. Ponho as postas a grelhar e quando estão quase assadas, com o auxílio de uma colher, vou cobrindo o peixe com o molho, até que estejam no ponto de assadura que pretendo. Aí retiro da grelha e passo à fase seguinte. Vou mastigando a carne do peixinho, junto com batatas cozidas e uma saladita.

A Lota de Sagres, numa fase já posterior à da areia. Hoje, é feita no interior do edifício e, infelizmente, já não é permitido aos turistas assistir à venda do pescado.