segunda-feira, julho 16, 2007

CHOCOS ROUBADOS

Este é um dos meus pratos preferidos. Muitas vezes durante a juventude, em paródias com amigos, confeccionava-mos esta petisqueira que talvez pelo facto de não ter espinhas era apreciadíssima por todos. Recordo particularmente, um dia, em que durante um trabalho no estuário do rio Sado, a bordo de uma pequena embarcação, seguíamos na esteira de dois golfinhos-roazes e, "pescámos" alguns dos chocos que estes iam deixando para trás. Os roazes comiam apenas a parte dos tentáculos, ficando o resto dos moluscos a flutuar à superfície. Depois era conseguir apanhá-los antes que as gaivotas lhes "caíssem" em cima. Era esse o sinal de que havia mais um choco a flutuar. Quando víamos as aves a descer para a água, acelerávamos os motores e conseguia-mos antecipar-nos aos passarocos. Bem sei que não é correcto roubar os chocos às gaivotas, mas era por uma boa causa.

Alguns eram enormes e tratámos de os preparar para o almoço. Ali mesmo, junto à lota de Setúbal.

Picámos cebola e alhos para um tacho, metemos azeite e deixámos alourar um pouquinho. Juntámos os chocos, cortados em pedaços. Depois de os revolver até que se misturassem muito bem com o azeite e a cebola, abrimos uma lata de tomate pelado, que também se lhes foi juntar, acompanhada de uma garrafa de vinho branco, louro, salsa, sal e pimenta. Tapámos o tacho com a tampa voltada e com água em cima. Esta técnica faz com que o liquido dentro do tacho não se evapore tão rapidamente. E depois, quando destapamos o tacho e verificamos que está a precisar de molho é só inclinar a tampa, e a água que está quentinha vai acrescentar o dito-cujo. E para ali esteve, a ferver, durante quase uma hora, enquanto nós fazíamos umas surtidas ao balcão, de pedra da Arrábida já negra do tintol ali entornado durante décadas de uso, da tasca da "macaca" que era onde se passavam estas aventuras gastronómicas.

Após o que lhe juntámos: Batatas e tiras de pimento verde. Metemos o pimento nesta fase da confecção para que o sabor fique mais suavizado e não aquele forte sabor que acontece se o juntarmos no início. E pronto! As batatas estão cozidas e o petisco está pronto.

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