É um doce muito apreciado aqui no Algarve e utilizado como componente numa grande variedade de bolos e doçaria tradicional. Com a aproximação do Natal e sendo meu hábito fazer azevias de batata-doce, e de grão, resolvi este ano, juntar um pouco de gila (ou será chila?) ao recheio destes pastéis.
Assim, pedi uma abóbora à minha vizinha Gabriela que tem uma enorme plantação delas. E se hão-de ir todas prós porcos, aproveito-as eu também.
Há uma condição essencial para o sucesso desta operação. NÃO CORTAR A ABÓBORA COM FACAS METÁLICAS. Nem utilizar qualquer tipo de objecto metálico, porque o doce vai ficar com um horrível sabor. Então bate-se com a abóbora em cima do tampo de uma bancada de pedra ou madeira. Podemos metê-la dentro de um saco e atirar com ela ao chão até que parta. Depois apenas com as mãos, retirar as sementes que são umas pevides negras e a "tripa" que é a parte amarela e também confere mau sabor. Parte-se em pedaços com a casca (na abóbora que eu utilizei, dado o grau de maturação, a casca soltou-se facilmente), lavam-se muito bem até deixar de fazer espuma e cozem-se em água com sal durante cerca de 15 minutos. Depois de frio, retira-se a casca e, com os dedos desfiam-se muito bem todos os pedaços da abóbora, deixando-os mergulhados em água fria até ao dia seguinte.
Escorre-se toda a água sem espremer os fios de abóbora. Pesam-se, e num tacho, metem-se ao lume o mesmo peso de açúcar, um pau de canela, raspa de limão e água (não muita. Para 1kg de açúcar cerca de 1/2 l de água). Quando a calda espessar um pouco, juntam-se os fios da abóbora e vão-se mexendo até que a água evapore quase toda.
Fiz este doce com menos peso de açúcar do que o peso da abóbora. Não posso abusar das coisas doces. Claro que assim não se conserva durante muito tempo, mas como nesta casa os doces voam, não há problema.
Esterilizam-se os frascos e as respectivas tampas (sem estarem a tapar os ditos, como parece ser lógico) em água a ferver durante cerca de meia-hora, enchemo-los com o doce e mantemo-los na água para que aqueçam em banho-maria, com a tampa mal enroscada para que possa sair o ar, sem permitir a entrada da água cujo nível deve estar um pouco abaixo da boca dos frascos. Esta operação serve para aquecer o doce o mais possivel. Cortam-se rodelas de papel vegetal com diâmetro um pouco inferior aos dos frascos, embebemo-las em álcool e tapamos com elas, o doce, fechamos hermeticamente os frascos, que se mergulham com a tampa voltada para baixo durante alguns minutos na água fervente. Retiramos os frascos e deixamo-los à temperatura ambiente. Ao arrefecer será criado algum vácuo dentro destes, o que permite uma maior durabilidade do doce.
Ora melhor explicação nunca eu tinha visto.
ResponderEliminarMas, ainda assim, por mim não te incomodes e manda-me só as de batata doce, assim, sem mais nada.
Adoro azevias de todos os tipos, batata doce ou grão e ainda mais com gila. Costumo fazer alguns bolos com gila e amêndoa, mas compro o doce já feito num super... sempre poupo algum tempo.
ResponderEliminarPor acaso sabia que não se podia utilizar facas e ne verdade eu metia a abóbora em sacos e atirava ao chão.Nunca fiz doce.Mas apreciava um que a minha sogra fazia com essa abóbora e amendoas torradas lascadas.
ResponderEliminarEsse era mesmo um vê se te havias...frasco aberto..doce acabado
OBRIGADA pelos pormenores daquilo que nos ensinas
Boa semana
Bom NATAL
Que interessante!
ResponderEliminarNunca tinha visto abóbora assim, a casca parece de melancia, o interior lembra melão.
Parece ser delicioso.
Bjs
Raquel
Adoro doces de chila. Os que conheço melhor são as Clarinhas de Fão, que adoro. Que saudades! Aqui na Turquia não encontro chila, o que é uma pena. Agradeço a sua visita e comentário no meu blog Cozinha Turca e parabéns pelo seu. Voltarei mais vezes. Votos de um Feliz Natal!
ResponderEliminarJá uma vez fiz doce de chila, achei que dava uma trabalheira louca...
ResponderEliminarVim para te desejar um Santo e Feliz Natal,(aposto que vai ter uma ementa especial...) e um próspero Ano Novo.
Bjo.
Gila com requeijão da serra da estrela, e broa de milho!
ResponderEliminarBoa! Muito boa porque eu não sabia fazer e agora vou experimentar.
ResponderEliminarFeliz Natal e nada de abusar na comidinha!
Bjs
é uma receita linda, com técnicas invulgares e que acho que nunca arriscarei sem supervisão dum técnico superior. Mas passo a comer o doce com mais respeito ...
ResponderEliminarPodes dar-nos as receitas das azevias de batata doce e de grão? Pleeasee...
ResponderEliminarEu adoro-as e não sei fazer.
Obrigada.
é realmente muito bom
ResponderEliminarFeliz Natal Kuka,
ResponderEliminarBeijinhos
Ah, Mestre, eu não servia mesmo para cozinheiro ou/e pasteleiro! Ando com uma sorna tamanha e este doce de chila está tão bonito, que coisas de cair para o lado se pode fazer com ele!
ResponderEliminarImagine só o doce da sogra da Turbolenta. Cá me fica. Se a minha vizinha tivesse chilas... Dá-me gozo atirar com elas ao chão, e até me passava a lazeira :)
Aiii este não gosto...bom pelo menos dos que tenho experimentado...
ResponderEliminarPassei para te desejar um feliz Natal.
Beijinhos :)
Obrigado por todo o carinho e atenção que põe neste blogue que me leva a vir aqui com bastante frequência.
ResponderEliminarPara si e para todos os que ama desejo umas Boas Festas e um ano de 2007 repleto de venturas.
hummmmmmmmmmm adoro doce de gila! até já tou a salivar...
ResponderEliminarUm Bom Natal!
Beijinhos
Não queria ir de férias sem passar para desejar um feliz Natal
ResponderEliminarQue o Ano Novo seja repleto de saúde,paz,amor e tudo quanto mais desejar.Desejo ainda muito sucesso profissional e muita inspiração para continuar a postar receitas tão boas como aquelas a que nos tem habituado.
Irei passando pelo seu cantinho e espero receber também a sua sempre benvinda visita.
Beijinhos mais uma vez.
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ResponderEliminarEu adoro tudo o que é doce feito com gila mas confeço não sei fazer e para mim isso dá cá um trabalhãu com mil beijinhos
ResponderEliminarmodasetraquinices
Ora aqui está uma explicação simples (isto é , muito acessível), objectiva e completa : ... até ao embalamento e conserva. Bem haja e obrigada porpartilhar a sua experiência do conhecimento. Tenho neste momento em água 1 abóbora gila que acabei de partir. Não sabia quais os passes seguintes até chegar ao doce. Obrigada.
ResponderEliminarPrezado Kuka... sou brasileira e fiquei encantada com seu doce de chila. Aqui no Brasil as aboboras são todas "cor de abobora", então pensei... será que sua vizinha que tem a plantação de chilas não poderia enviar - me pelo correio algumas sementes dessa fantastica abobora branca? Se isso for possivel ficaria imensamente grata.
ResponderEliminarbeijos
Fátima Gomes
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ResponderEliminarPhaty.
ResponderEliminarEnvie seu endereço para o meu e-mail e logo que a minha vizinha tenha sementes eu lhe enviarei algumas pelo correio.
Ola meu caro amigo Kuka.
ResponderEliminarPassei pra te desejar um bom fim de semana.
beijosssss
Fátima
Olá! Andava a pesquisar receitas de doce de chila e cheguei aqui. Será que me pode esclarecer uma dúvida? Se não se pode usar objectos metálicos, isso também inclui o tacho? Que tipo de tacho devo utilizar? Tenho 5 pequenas abóboras chila em casa e não queria desperdiçá-las.
ResponderEliminarMuito obrigada
Nunca comi um doce desses. Aqui no Brasil não sei como posso encontrar.
ResponderEliminarQue poderia ser parecido? de gosto?
Textura?
Fiquei curiosa.
beijo
Monica
Kuka, Experiências na cozinha e seus curiosos visitantes.
ResponderEliminarSou da região sul do Brasil, localidade colonizada por portugueses e espanhóis. A gila foi constante durante toda minha vida. Cresci vendo e ajudando minha avó, minha mãe e empregadas a fazer doce de gila. Era uma época de festa. Não havia maiores segredos, apenas a técnica necessária.
Vi as fotos postadas. Me pareceu não estarem maduras ao ponto mas, principalmente o doce do kuka está com uma aparência deliciosa.
A receita que conheço não é trabalhosa e com certeza o resultado final será uma doçura.
É de nossa tradição plantar as sementes no final de setembro para que todos os rebentos tenham oportunidade de madurar e em local muito, muito adubado (orgânico).
Os baraços se espalham, sobem muros, cercas, taipas, árvores e frutificam muito. A colheita só é feita muito após o inverno, quando o frio, a geada, (e até neve), queimam o baraço e endurecem a casca. verificamos estar madura quando o cabo está seco e endurecido e suas sementes estiverem pretas.
Quebramos as gilas com martelo, craquelando miúdo a casca que soltam fácil. Corta-se em oito ou mais pedaços e com a ajuda de um garfo desfia-se as fibras retirando as sementes (antes de cozê-las, para replantá-las), deixa-se uma noite em molho de água fria, troca-se de água e cozinha-se imersa em água, preferencialmente em tacho de cobre, preferencialmente feito por ciganos. (A limpeza do tacho tem segredo: lavar com água morna, com vinagre e sal grosso).
Quando cozido, desfibra toda a massa e escorre lavando em água fria.
Aí, vem a parte do açúcar.
Conheço três variações: uma para crianças gulosas (eu), outra para visitas finas e educadas e ainda outra para os tempos de vacas magras.
A das crianças, coloca-se em torno de 35% de açúcar e em torno de dois copos de água por gila. Leva-se ao fogo (sempre em tacho de cobre e mexe com pá de madeira até secar e descolar do fundo. o Tempero é casca de laranja. Come-se com uma boa fatia de queijo.
Quem queira as outras variações, ou sementes entre em contato.
Cabana.
minuano.genuino@hotmail.com