Era assim que o meu saudoso amigo Peter, companheiro de muitas pescarias, Alemão de nascimento e Português por adopção, fazia para guarnecer a maior parte dos pratos que servia no seu restaurante. Cozia as batatas com a casca - porque será que depois de cozidas a casca se transforma em pele??? - Metia ao lume uma enorme e pesada sertã de ferro, regava-lhe o fundo com um fio de azeite, pelava as batatas e cortava-as em rodelas para dentro da gigantesca frigideira, "salpimentava"(como dizem "nuestros hermanos"), e ía volteando as batatas agarrado ao cabo da frigideira (com as duas mãos,visto ser tarefa impossivel com uma só, dadas as dimensões e o peso desta), até que as batatas se apresentassem lourinhas. Polvilhava com pão ralado, dava mais umas voltitas para alourar também o pão, espalhava salsa picada por cima, e aconchegava-as nas travessas ás saborosas e descomunais febras ou costeletas de porco panadas, que os clientes (maioritáriamente Germânicos) devoravam e afogavam com grandes e espumosas canecas de loira e borbulhante cerveja, que consumiam como se tivessem chegado a um oásis, depois de terminada uma longa e seca travessia do deserto.
Faça isto em frigideiras anti-aderentes, numa frigideira normal as batatas pegam-se ao fundo e têm tendencia para se desfazerem. As frigideiras do Peter não "pegavam" porque só serviam para este serviço e nunca eram lavadas com esfregões nem produtos abrasivos.Na verdade, nunca o vi lavá-las com água e detergente. Queimava-as na chama do fogão, deitava uma pinga de óleo, bastante sal, e esfregava enérgicamente com papel higiénico, (dizia que eram mais baratos que os rolos de cozinha). Ficavam polidas e brilhantes, após o que, as pendurava por cima do fogão, ficando ali mesmo à mão de semear para nova utilização.